quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Mudar

Quisera eu que a chuva apagasse meus pecados
Curasse meus machucados
Trouxesse o meu amor pra junto de mim

Quisera eu não ter meus passos marcados
De sangue e de lágrimas do meu passado
Tirasse essa dor que me aflige assim

Quisera eu não ter errado
Ao meu amor nunca ter magoado
Quisera eu poder mudar algumas coisas que fiz...

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Triste fim

Não restava nada em meu peito
O coração fora arrancado sem pesar
Quisera eu poder ter impedido
Essa tristeza que insiste em me tomar

Sem temer o desconhecido
Na escuridão resolvi adentrar
E agora te vejo aborrecido
Distante de mim sem querer falar

Despeço-me aqui, amor querido,
Sinto falta do teu olhar
Agora só tenho perto o teu jazigo
Onde minhas lágrimas estão a se derramar

domingo, 5 de junho de 2011

Adeus


Ela o havia chamado até aquele lugar, um farol abandonado onde eles haviam assistido o pôr do sol certa vez...
Hoje o céu estava cinza, as ondas se quebravam com violência nas rochas e o ar estava pesado, não só pelo tempo, mas também por toda aquela quietude quebrada apenas pelo som do mar revolto.
O silêncio que eles estava mantendo era apenas para adiar o que parecia certo aquela altura... Ela o olhava com um sorriso gentil e doce, mas seus olhos estavam tristes, ele apenas fingia estar olhando o horizonte como se estivesse distante, mas seu coração estava apreensivo.
-Christian... Obrigada por ter vindo quando eu chamei.
-Não precisa agradecer Bela – Disse sorrindo e a olhando amorosamente – Sempre que chamar eu estarei lá.
-Precisamos conversar... Tenho algo importante para dizer. – Diz com a voz fraca, mas mantendo um sorriso doce no rosto.
Christian fica em silêncio observando como o cabelo de sua amada dança com o vento, como sua pele branca e delicada como porcelana se arrepia com o vento frio e como seus olhos castanhos o olham com compaixão e tristeza, aquilo seria uma das lembranças as quais ele iria guardar...
Ele se aproxima e coloca seu casaco para aquecê-la, ela repousa suas mãos em seu tórax e deita a cabeça para ouvir seu coração.
-Chris... Perdão.
-Por que está me pedindo perdão? – Segura seu queixo e faz com que olhe para ele.
-Por tudo... Por estar fazendo o que acho certo.
-Não me peça perdão, sou eu quem comete os erros aqui... – Disse sorrindo mesmo sem vontade.
-Deixe que eu me desculpe! – Diz se afastando – Deixe que pague pelos meus erros...
-Eu nunca lhe entendi por completo Bela... Eu nunca descobri o que você realmente sente...
-Nem eu sei o que sinto... E é por isso que devo ir, não podemos mais ficar juntos! Temos que nos afastar.
-Não acho que isso vá ajudar, não acho que essa seja a solução.
-É a única maneira de não nos machucarmos mais. É a única maneira que eu tenho para te proteger.
-Não quero que me proteja! Quero que me ame...
Bela desvia o olhar, vai para o lado de fora do farol para ver o mar e com a voz falhando fala:
-Você tem cicatrizes demais para suportar mais alguma que eu possa lhe causar.
-Quantas vezes eu terei que lhe dizer que não me importo? – Diz quase gritando – Que eu te amo e não quero ser protegido por você o tempo todo, eu só quero estar ao seu lado... Quero te ter em meus braços!
-Eu me sentia feliz, segura nos seus braços... Gostava de como você sorria entre os nossos beijos e dizia que me amava baixo perto do meu ouvido... – Disse fechando os olhos. – Mas agora eu não me sinto mais segura... Eu... Eu não quero mais você.
-Não minta pra mim! Você sempre faz isso quando quer sair de uma situação!
-Não estou mentindo – Disse gritando – Eu não quero mais você em minha vida, porque isso é um erro... Não quero mais ceder aos sentimentos, não quero ser fraca!
Ele vai até ela e segura seus ombros, então fala:
-Sentimentos não são fraquezas, eles apenas passam a imagem de vulnerabilidade. Se eu fui um erro, então me perdoe, mas deixe que eu conserte tudo, deixe que torne isso o certo, o melhor...
-Você não pode, eu já me decidi.
Christian puxa Bela para perto e a beija, aos poucos ela cede e retribui o beijo, intenso e apaixonado, mas marcado pelo gosto amargo das lágrimas... Ela o interrompe e se afasta.
-Vá embora!
-Bela...
-Vá embora Christian! – Disse o empurrando com toda a sua força.
Christian a olha triste e com a voz baixa e carregada diz:
-As cicatrizes em meu peito queimam com a tua ausência, nada é pior do que a dor de não lhe ter ao meu lado...
-Para... Não insista mais, não faça isso... Não me lembre do que falamos, das músicas... Não me enfraqueça!
-Você ainda me ama?
Silêncio...
-Você ainda me ama Belatriz?!
-S-Sim...
-Então por que acabar com tudo?
-Porque o melhor agora é dizer adeus... Eu não vou mais voltar a te ver, mas saiba que eu sempre vou me importar com você.
-Me machuque por favor...
-Não, porque eu vou me machucar também.
-Bela... Não.
-Adeus Christian, eu sempre irei me importar...
-Não posso deixar que diga adeus!
-É a única alternativa você não entende? Você não vê que estamos nos matando?
-Você não quer que ninguém conheça seu lado frágil, tem medo que te conheçam e odeia ser protegida porque se sente vulnerável assim! Mas eu posso te proteger, eu irei te proteger mesmo que contra a sua vontade, porque eu te conheço mesmo sem você permitir...
-Você sabe mais do que eu gostaria... Não vou deixar que conheça mais, não vou me tornar fraca... Todos os sentimentos tiveram fim pra mim... Esse é o nosso fim... –Disse com uma lágrima caindo de seus olhos.
Christian se aproxima e beija onde a lágrima passa por seu rosto a secando com seus lábios quentes junto a pele dela.
-Não tem que acabar assim... Essa história não tem que terminar...
-Ela já terminou... - Disse pousando um beijo leve nos lábios de Christian e indo para as escadas.
 Antes de ir Belatriz olhou uma última vez para trás não queria ir, mas achava que era o certo, achava que estaria mantendo Christian a salvo.
Ele esmurrou as paredes, gritou e escutou sua voz ecoar em direção ao mar que se agitava cada vez mais, a tempestade se aproximava e ele queria ir de encontro a ela, se chocar com a fúria dos céus para amenizar a sua própria.
E ela não tardou, a tempestade caiu pesada sobre ele no alto do farol parado, ocultando as lágrimas nas gotas que caíam do céu, com o coração sangrando expondo todas as suas cicatrizes que nunca se curaram...
Ele possuía inúmeras delas, mesmo acostumado com a dor naquele instante se sentia fraco demais para lutar contra a angústia, caiu de joelhos e permaneceu ali como se estivessem purificando sua alma, tendo sua redenção...
Christian julgava ter pecados demais para que sua alma merecesse a salvação, erros demais para merecer ter o anjo pelo qual se apaixonara, para ter Belatriz em seus braços sem nunca mais precisar dizer... Adeus

sábado, 23 de abril de 2011

A última ilusão

Olhos fixos nada enxergam
Fitam o vazio sem razão
Alma e coração não se libertam
Ficam a espera de algo vão

Como é triste o sonhador
Tomado pela loucura sem clemência
Como é triste o sonhador
Já perdera quase toda a consciência

Desejou ter asas e voar
Viu sua imagem refletida
Triste e abatida
Mas esperançosa no olhar

Imaginou asas surgindo
Do alto de um prédio olhou a cidade
A fantasia foi assumindo
Todo o poder sobre a realidade

Pés descalços tocaram o chão frio
Abriu os braços e sentiu o vento
A sensação lhe provocou um arrepio
Enfim havia chegado o momento

Fechou os olhos e saltou
Sem temer e sem pensar
A insanidade o derrotou
Ele achou que estava a voar

Tão profundo era o delírio que o consumiu
O corpo inerte e frio ali permaneceu
A solidão foi a mal que lhe feriu
O triste sonhador tão jovem pereceu...



quinta-feira, 21 de abril de 2011

Irreal

Pobre mortal foi apaixonar-se por um anjo
O anjo que lhe protegera
Triste erro cometera...
Sua vida se esgotava a cada segundo
Mas nada lhe importava neste mundo
Ele passava seus dias a observar tal criatura
A qual ele amava sem medida
Pela qual ele seria capaz de dar sua insinigficante vida
Numa noite serena entregou sua dor,
Suas lágrimas no mar caíram,
Porque escolhera sentir tal amor?
Agora todas as coisas em que acreditava ruíram
O anjo lhe abraçou pobre mortal sentiu suas asas
Ele sabia que mesmo assim jamais teria calma
A paz só se faria no dia em que pudesse ser correspondido
Mas ele sabia que acreditar em tal fato o tornaria um iludido
Nobre anjo o mortal falou
Meu coração sangra pois não tenho seu amor
Tua presença me ilude amenizando minha dor
Mas continuar assim me torna um simples sonhador
Queria voar junto a ti, ser um anjo também,
Mas pobre de mim jamais poderei ir mais além
Sou apenas humano, não sou ninguém
O anjo lhe olhou condescendente
Lhe disse com voz doce e calmamente
Você é tudo para mim e lhe protegerei
Mas eu lamento pois jamais lhe amarei
Não como me amas, não lhe iludirei,
Estarei ao seu lado a todo momento
O pobre mortal então chorou
Abandonado nos braços de quem tanto amou
Jamais teria aquele anjo da maneira que queria
Ele havia se condenado a uma triste fantasia...

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Quarto Negro


A porta deste quarto negro se fecha
Palavras não fazem sentido algum
As sombras perseguem os sonhos
E pesadelos perseguem o que é real
Você está mesmo aqui diante de mim?
Eu nunca posso estar certo quando insano
Pois as alucinações são tudo o que posso ver
Vozes, de onde vêm estas vozes cruéis?
Que me dizem pra desistir do que é impossível
Eu vivo de ilusões e morro aos poucos na realidade
Um espelho de mentiras mostra o que todos querem ver
Eu não sou sincero, mas eu também não minto,
As paredes escutaram cada segredo que eu guardei
E toda noite elas sussurram meus erros e pecados
E meu coração grita em resposta minhas razões
Preso a estas correntes invisíveis que eu criei
Numa prisão de loucuras infernais e fantasias
Eu sinto o fogo consumindo a sensatez
Chutando e gritando dentro das paredes desta prisão
Ninguém pode me ver, ninguém pode me ouvir,
É em vão lutar contra si mesmo quando sabe que irá perder
O mundo está se perdendo lá fora aos poucos
E eu nem mesmo sei onde estou trancado padecendo
Apenas sei que seremos sempre todos loucos
Um dia meus pulsos sangraram e meus olhos derramaram lágrimas
Eu me escondi dentro de mim e não soube mais voltar
Enxerguei em um lago o reflexo da insanidade distorcido
Enganando a todos fazendo parecer genialidade
Todos enxergam o que querem ver o que você está vendo agora?
Neste momento eu ouço uma única voz, que voz é esta?
Ela está me empurrando para um lugar desconhecido
Para onde estou indo? Estou me perdendo mais uma vez.
Eu vejo estes olhos no escuro, tão lindos e perigosos.
Hipnotizando-me dizendo algo que ainda não consegui entender
Ora quem sou eu para julgar o que é ilusão?
Meus lábios pronunciam palavras que ferem meu próprio coração
Eu sinto o veneno letal apenas a mim se espalhar ao meu redor
Ele corre por minhas veias esperando o momento certo para me infectar
Pensamentos incomuns e desconexos
Olhos cegos distantes e vazios
O que você guarda dentro de você?
Quais as memórias que você protege?
Eu colei nestas paredes fotos de momentos que parecem não ter existido
E meu coração carrega toda a culpa de se martirizar por tanto tempo
Que mãos são estas que tocam meu rosto tão singelamente?
O toque de um anjo cuidadoso e protetor
Você é capaz de ver a loucura nos olhos dos que te cercam?
Nada é em vão se assim você pensar,
Mas tudo é inútil se você desiste de tentar
Um dia eu vi o mundo do alto do céu tarde da noite
Cortaram minhas asas e eu jamais voltei a voar
Como é a luz do amanhecer fora do meu mundo?
Aqui não existe luz preso tão longe de tudo
E tão perto de mim mesmo que é a razão de eu estar aqui
Frio, eu sinto tanto frio quando meus olhos se fecham e voltam no tempo,
O mundo faz você ver através de lentes que eles impõem
Você está mesmo disposto a se entregar assim?
Todas as cicatrizes que eu mesmo fiz ainda doem
E eu insisto em reabri-las e sujar de sangue minhas mãos
O sangue com o qual eu tracei o caminho para a insanidade
Permanecerei por muito tempo mais neste quarto negro
Cujas paredes um dia refletiam a luz de um mundo de poder fugaz
E onde hoje eu padeço perdido dentro de mim
Marcado pelo sangue e pulsos rasgados sem piedade
O amanhecer não existe e a noite é sempre eterna
Continuo a cair num abismo no qual saltei
Esperando um dia chegar ao fim de tal guerra
Quando saberei quem está diante de mim
Será real ou apenas mais uma alucinação infernal?



Desconhecido cruel


Você toma minhas fraquezas em suas mãos
E torna uma parte de mim meu pior inimigo
Você quer destruir os muros que fiz para me proteger
Você diz que eu te machuquei e agora quer me ver sofrer!
O quer afinal, primeiro diz que me odeia e depois que me ama,
Sequer diz seu nome, quem é você que apareceu de repente?
Quando achei ter afastado os fantasmas do passado
Quando achei que eu poderia ter paz finalmente
Não existe um herói nem mesmo um vilão nesta história
É apenas algo que não faz sentido algo idiota!
Você sabe mais sobre mim do que eu sei sobre você
Você toma posse da minha máscara e a faz em pedaços
Eu tenho raiva por tudo isso! Mas eu preciso saber mais...
É esse o seu objetivo terminar de me enlouquecer
Mas custe o que custar o meu passado eu vou esquecer
Eu quero construir um futuro distante de tudo que me faz mal
Eu não te troquei apenas fugi nem sei por que apenas corri sem direção
Você tem que ser quem eu penso que é não pode existir outro alguém!
Eu peço desculpas por tudo que te fiz e quero que saiba que não me perdeu
Mas eu mudei mais do que pensei que era possível...
Eu sofri mais do que meu coração podia suportar...
Eu chorei e minhas lágrimas não bastaram...
Eu acordei de um sonho que apenas me iludiu
Tornei-me uma estranha num mundo real e tão frio
Você não me perdeu, mas eu mudei depois de tanto sofrer.
Eu nunca vou me recuperar de tudo que já passei
Eu quero amar alguém que simplesmente vá me proteger
Quero amar alguém que eu seja capaz de fazer sorrir
E que quando eu a abraçar serei capaz de sentir
Que aquele é o meu lugar...